As chuvas em janeiro e neste primeiro dia de fevereiro tem dividido as atenções dos diferentes canais de comunicação ao lado da política e operações policiais relevantes. Mostram-se situações principalmente nas áreas áreas urbanas com as matérias versando sempre sobre situações de risco ou perdas, como por exemplo árvores caindo ou inundações e como como envolvem pessoas, o impacto junto à população é grande.
No [Pod Irrigar] - o podcast da agricultura, o Professor Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez - Coordenador da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira esclarece que "quando falamos de chuva devemos diferenciar como ela se apresenta e os seus efeitos. Volume e intensidade produzem impactos diferentes. Nem sempre chuvas intensas apresentam grandes volumes, mas quando a intensidade é alta, via de regra é associada à altas velocidades do vento, mudança de direção e esta combinação, tem um potencial de produzir grandes danos e por isso o monitoramento climático é fundamental para antecipar providências à eventos extremos cada vez mais frequentes".
Nas cidades, árvores, veículos, galerias pluviais e córregos canalizados transbordando e no campo, em suas análises no [Pod Irrigar], o Professor Fernando Tangerino chamou a atenção para a desuniformidade dos cultivos no Noroeste Paulista em função da irregularidade das chuvas e com o fim de janeiro, a situação é completamente outra.
Com grande variação, mas com média de 314 mm, as chuvas no mês de janeiro superaram em 55% o esperado, de acordo com a Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira, que opera a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, composta por estações agrometeorológicas automáticas padronizadas e que tem seus dados disponibilizados de forma livre e gratuita no Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira e que pode ser assim visualizado por todos os interessados. Em todos os municípios monitorados, choveu mais que o esperado.
Os municípios posicionados na barranca do rio Grande, como por exemplo, Paranapuã e Populina foram os recordistas em chuva. Em Populina, em janeiro choveu 508 milímetros, superando em 116% a média histórica de 235 mm, representando 42% de toda a chuva histórica esperada para o ano (1.210 mm) e ainda o maior volume de chuva da história das medições da UNESP para o mês de janeiro, que aconteceu em 2012, quando choveu 378 mm.
Volume de chuva e Intensidade alta da chuva traz prejuizos e não é comum e Ilha Solteira registrou o maior volume
Paranapuã também teve volume de chuva superior ao histórico, com 416 mm este mês, supera em 65% o esperado de 251 mm e ainda, o maior volume registrado de 363 mm ocorrido em janeiro de 2016. Mas com 107 mm em apenas um dia, a intensidade das chuvas neste dia chegou à 119 mm/hora e aí, no campo, o que se vê é erosão, queda de árvores, infra estrutura de moradia e armazenamento sofrendo as consequências.
Em todos os municípios monitorados pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira o volume de cuva de 107 mm em apenas um dia foi superado em apenas algumas vezes. Em Paranapuã, apenas em 04 de março de 2011 choveu mais que o registrado no dia 25 de janeiro, chegando a 132 mm, o volume de chuva para um mesmo dia. Na vizinha Populina, 61 mm foi o maior volume de chuva para um único dia. Marinópolis registrou 123 mm em 7 de março de 2014, no mesmo dia em que Itapura registrou 110 mm. Pereira Barreto, em sua parte noroeste registrou 108 mm em 28 de dezembro de 2012 e 130 mm em 14 de abril de 2014 e ainda Sud Mennucci registrou 111 mm em 02 de novembro de 2015.
Ilha Solteira tem o recorde de maior volume de chuvas para um único dia com 132 mm em 12 de janeiro de 2013, quando foram registrados muitos prejuízos.
Prejuízos no campo
Já o janeiro com a maior parte dos dias com chuva colocou muitos Produtores de Alimentos em estado de alerta e desilusão, pois o amendoim ainda no solo, começa a brotar, as sementes no interior das vagens da parte debaixo da soja começam também a germinar, dependendo da época em que foi plantado. Tudo isso representa prejuízo. O Produtor Carlos Missiaglia comemorava sua colheita em dezembro de 2015 e hoje, com parte da sua produção em ponto de colheita, germinando ainda no solo, fica na expectativa do plantio tardio que deve ser colhido em março para recompor suas finanças e o parcelamento do plantio é uma das formas encontradas para minimizar os riscos do plantio.
De acordo com o Professor Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira "segurar São Pedro e as suas chuvas não é possível, mas é necessário construir estruturas de conservação do solo e da água para que possam minimizar o impacto dos altos volumes e intensidades, ao mesmo tempo em que, deve-se usar o conhecimento agrometeorológico e fitotécnico para desenvolver a resiliência às intempéries climáticas".
Fonte: Unesp Ilha Solteira