O mercado global de milho tem passado por mudanças importantes em 2024, com destaque para a desaceleração das importações da China e o desempenho abaixo do esperado nas exportações brasileiras e norte-americanas. Segundo análise da Hedgepoint Global Markets, o ritmo de compra de milho pela China em 2024 caiu significativamente em relação ao ano anterior, o que já provoca impactos diretos no cenário internacional.
Dados da alfândega chinesa mostram que, em 2023, o país importou 8,7 milhões de toneladas de milho, enquanto em 2024 esse volume reduziu-se para 3,3 milhões de toneladas, representando apenas 38% do total do ano passado. O Brasil continua como o maior fornecedor de milho para a China, com 48% das importações, seguido pelos EUA, com 44%.
A redução nas compras chinesas está diretamente ligada ao balanço de oferta e demanda do país. Para a safra 2023/24, a produção chinesa foi estimada em 288,8 milhões de toneladas, um aumento de 4% em relação à safra anterior. Para 2024/25, a expectativa é que o país atinja um novo recorde, com 292 milhões de toneladas. Essa estratégia, adotada há pelo menos cinco anos, visa manter os níveis de estoque em uma relação confortável de 68-69% entre oferta e uso.
Ignacio Espinola, analista sênior de Grãos da Hedgepoint, afirma que a China está à espera de uma queda nos preços do milho devido às boas colheitas esperadas no Brasil e nos EUA. Isso poderia estimular o gigante asiático a retomar as compras com preços mais favoráveis.
Tanto o Brasil quanto os EUA têm visto suas exportações de milho desacelerarem em 2024. Até agosto, o Brasil exportou 17 milhões de toneladas, uma queda de 30% em relação às 25 milhões de toneladas no mesmo período do ano anterior. Nos EUA, as exportações de milho para a China caíram 29% de janeiro a agosto de 2024, totalizando 2,77 milhões de toneladas, contra 4,55 milhões de toneladas em 2023.
Com colheitas robustas previstas no Brasil e nos EUA, o mercado de milho deve enfrentar forte pressão para a queda de preços, com o objetivo de atrair compradores. Espinola ressalta que o cenário atual indica que a China não importará tanto milho quanto em 2023, enquanto as exportações de Brasil e EUA também ficarão aquém do esperado.
Esse aumento na oferta global, combinado com uma demanda mais fraca, deve manter os preços do milho em baixa. No entanto, alguns sinais de recuperação no mercado podem surgir, uma vez que fundos de investimento estão começando a cobrir suas posições vendidas, o que pode indicar uma expectativa de alta nos preços no futuro próximo.
Fonte: Agrolink