De acordo com José Carlos de Lima Júnior, sócio da Markestrat Group e cofundador da Harven Agribusiness School, o agronegócio brasileiro enfrenta novos desafios que vão além do preço e das condições climáticas. Atualmente, a insegurança no campo envolve também as condições de pagamento e a disponibilidade de produtos. Essa mudança reflete um cenário de incertezas que impacta diretamente os produtores, as distribuidoras e a indústria, ampliando os riscos e a complexidade das operações no setor.
O agronegócio, por ser composto por várias cadeias produtivas, funciona como uma rede de empresas interligadas. Entre o produtor rural e a indústria, há a distribuição, que é feita por revendas ou cooperativas e tem a função de intermediar a compra e a entrega dos insumos. No entanto, o alto índice de inadimplência dos produtores gerou um efeito cascata, causando endividamento em alguns canais de distribuição. Essas distribuidoras, ao não receberem dos produtores, enfrentam o dilema de utilizar capital de giro próprio ou de terceiros para cumprir suas obrigações ou, então, tornarem-se também inadimplentes perante as indústrias.
Esse cenário de inadimplência pode resultar na falta de insumos agrícolas na distribuição, consequência de um impasse entre as indústrias e os canais de venda. As indústrias somente entregam os insumos se os canais quitarem suas dívidas, o que gera um efeito dominó que atinge o produtor. Essa situação demonstra a fragilidade da cadeia produtiva, onde o efeito de um problema localizado pode se propagar e afetar todo o setor.
Com isso, a escassez de insumos agrícolas pode se tornar o próximo grande desafio do agronegócio brasileiro em 2024, mesmo antes da elevação dos juros rurais. Segundo Lima Júnior, a reclassificação de risco para o setor será inevitável em 2025, dado o cenário atual de incerteza e pressão sobre as condições de pagamento.
Fonte: Agrolink